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EIS AS MONTANHAS QUE OS RATOS VÃO PARINDO

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GNOSCE TE IPSUM

17.03.14 | Maria João Brito de Sousa

 

 

Mote

 

“O coração diz-me: - Sim!

Eu digo… nem sei o quê…

Para além do que se vê,

Eu não sei nada de mim…”

 

António de Sousa, 1944

 

 

Glosa

 

 

GNOSCE TE IPSUM

 

 

Eu procuro, à flor da pele,

Ao poema, o seu sentido

Pois julguei tê-lo perdido

E, não me encontrando nele,

Encontro, em cada papel,

Uma planície sem fim

Como se fosse um jardim

De tamanho desmedido,

Mas mal nel`escrevo, rendido,

“O coração diz-me; - Sim!”

 

Portanto, insisto em escrever-me,

Vou do contexto, à textura,

Escrevo de forma segura,

Da flor da pele, chego à derme,

Vou mais fundo, sem perder-me,

E, conforme aqui se lê,

Se encontro alguém que o não crê

Que, pervertendo a procura,

Com mil farpas me perfura,

“Eu digo… nem sei o quê…”

 

Bastar-vos-ia que, ao ler-me,

Lembrásseis que essa leitura

Nunca dispensa ou descura

Uma intenção de entender-me

E eu não recuso bater-me

Por tudo quanto em mim é

Feito da força e da fé

Que escapa à gente imatura

Cuja inconstância tortura

“Para além do que se vê”…

 

Mal este frio me congele

Antes do tempo devido,

Em vez de ter-me vendido,

Terei provado o tal fel

Que é servido a todo aquele

Que esteja perto do fim

E se isto for desmentido

Por quem, ao tê-lo bebido,

Me diga não ser assim,

“Eu não sei nada de mim…”

 

 

 

 

Maria João Brito de Sousa – 06.11.2013 – 13.21h

 

 

 

Nota importante para o leitor - Quadra de António de Sousa glosada em décimas

 

VARIAÇÕES SOBRE O TEMA "UMA CASA PORTUGUESA" - Décimas

12.03.14 | Maria João Brito de Sousa

 

Nascem selvagens, libertos,

Vindos de coisa nenhuma

Com asas feitas de espuma,

Nos momentos mais incertos

E, se engendram desconcertos,

Trazem razões que, uma a uma,

Vão dissipando esta bruma

Pr`a deixar-nos bem despertos

Pois, se de razões cobertos,

Quem nos seus versos se assuma

 

E com muitos os reparta

Sobre mesa igualitária

Sem intenção mercenária,

Tirará, da mesa farta,

Quanto o tirano descarta,

Numa ânsia totalitária

De refeição bem mais vária…

E, venha Zé, venha Marta,

Venha “encartado”, ou “sem carta”,

Que a festa é mais necessária

 

Do que muita gente pensa

Quando não falta na mesa,

Do poema, a clara franqueza

Que a comunhão torna imensa

Pois, mesmo tendo pertença,

Traga alegria ou tristeza,

Nunca é fútil nem burguesa

Porque em si própria condensa

Quanto um povo não dispensa

Se a casa for… portuguesa!

 

 

 

Maria João Brito de Sousa – 12.03.2014 – 17.27h