O DIAGNÓSTICO (de rede...) POSSÍVEL...
O DIAGNÓSTICO (de rede) POSSÍVEL
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Por tudo e nada me cai
Esta instável ligação
Que nunca sei quando vai
Deixar-me a escrever… à mão!
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Já estou gasta de a afinar,
Cansada de a ver cair,
Quase em fúria de a ligar
E à beira de desistir…
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Não sei de asma padece,
Nem se sofre de enxaquecas
Pois com tantas camoecas,
Tantas Cecas, tantas Mecas,
Nem sabê-lo me esclarece!
Pode ser coisa bicuda,
Caso raro e nunca visto,
Mas, sendo teimosa, insisto
E, nada entendendo disto,
Preciso de quem me acuda
Ou então fico apeada
Nesta luta desigual
Sem poder levar-lhe a mal
Porque a coisa é virtual
E eu posso até estar errada
No diagnóstico final
Ou prescrever-lhe pomada
Que lhe não sirva pra nada
E que a deixe tão prostrada
Que "vire" um caso fatal…
*
Por tudo e nada se esfuma
Esta com que acedo à “rede”
E eu, à espera que se assuma,
Dou-lhe tudo o que ela pede:
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Dei-lhe xarope prá tosse,
Auscultei-a várias vezes,
Perscrutei-lhe urina e fezes,
Mediquei-a pra três meses
E esperei que ela se fosse,
Mas o raio da magana
Nem assim se aquietou,
Que ainda mais se queixou
E, no final, vomitou:
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Um pingente em filigrana,
Uma poltrona otomana,
Um telhado de choupana,
Cinco telas de Picasso,
Um psiché vitoriano,
Uma espingarda sem cano,
Duas bonecas de pano
E um esfregão de palha de aço!!!
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Maria João Brito de Sousa
07.12.2012 – 15.03h
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