SEXTILHAS A UMA ESTIRPE PARTICULARMENTE VIRULENTA DE E. COLI
É só um Coli, senhor,
Mas provoca uma tal dor,
Tanto ardor, tanta agonia,
Que parece um ditador
Traçando um plano invasor
Que a Merkel lhe invejaria!
Estando já pronta a cultura
Na caixinha de Petri,
Mostrou ser estirpe sem cura,
Uma entendida em tortura
Que, acima de tudo, jura
Haver de instalar-se aqui…
Tem seu jogo arquitectado;
Dar-me conta da paciência
E ir-me às poupanças de Estado!
Em despesas de mercado
Foi um ror que, bem contado,
Cobriria outra emergência!
Nem com cefalosporinas
De terceira geração,
Benurons, chás, aspirinas,
Cortisol, balas e minas,
Mezinhas, grossas ou finas,
Ele aceita a rendição!
É só um Coli, vos juro,
Mas por que é que me não curo,
Por que é que o estranho ocupante
Não morre, redondo e duro,
Por aí, num canto escuro,
E prossegue triunfante?
Coisas deste imperialismo
Que anda pr`aí a grassar…
Ocupado um organismo,
Boicota-lhe o mecanismo
E aproveita o conformismo
Para a vida lhe sugar.
Pobres das minhas defesas!
Meu sistema imunitário
Caiu no rol das tais presas
Que nem revoltas, nem rezas,
Nem poemas, nem certezas,
Livrarão de tal fadário!
Um Coli, simples, banal,
Que, em desgoverno total,
Me devassa a conjuntura
E aspira, em modo imperial,
Ao despudor infernal
De me impor a ditadura!
Maria João Brito de Sousa – 09.12.2012 – 11.54h
NOTA - Este poema baseia-se numa infecção real e sofrida, no presente, pela autora. Quaisquer semelhanças com o momento político que o nosso país, ou qualquer país europeu, atrevesse, é mera coincidência...