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http://asmontanhasqueosratosvaoparindo.blogs.sapo.pt

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EIS AS MONTANHAS QUE OS RATOS VÃO PARINDO

por muito pequenos que pareçam ser... NOTA - ESTE BLOG JAMAIS SERVIRÁ CAFÉS! ACABO DE DESCOBRIR QUE OS DOWNLOADS SE PAGAM CAROS...

DA ÁGUA AO FOGO

29.03.11 | Maria João Brito de Sousa

 

Se cristalizo

No verde destas plantas orvalhadas,

Já fui um lago de águas prateadas

Em pérolas geladas convertido

Por decisão de imparcial juízo

Sem ter alternativa, nem sentido 

 

Então divago

Na vertigem do cume a que ascendi

Tentando vislumbrar o que não vi

Aquando do percurso horizontal

E tudo o que me resta é quanto trago

Nos cristais da memória mineral

 

Depois ascendo

E estou por toda a parte e sou enorme,

Nada vive sem mim, sou gás informe,

Ninguém respira sem ter-me aspirado

E já nem sei dizer se o que pretendo

É saber-me, afinal, justificado…


Mas, logo, logo,

Revolvo-me, infernal, em mil fogueiras,

Devoro, sem pudor, casas inteiras

Tentando alimentar a louca chama

Dessa razão de me chamarem Fogo,

Que irrompe, se enfurece e tudo inflama…

 

 

Maria João Brito de Sousa – 26.03.2011 – 21.40h

 

 

A PALETA DAS HORAS

24.03.11 | Maria João Brito de Sousa

 

Horas não podem saber

Mais do que delas sabias

Quando, à hora de esquecer,

Dessas horas te perdias

 

Passam horas, ficam delas

Pequenos rastos, uns nadas

De esbatidas aguarelas

Já velhas e desbotadas…

 

Horas que nunca se esquecem

Também as há, mas são raras

Aquelas que não esmorecem

Nas cores que lhes foram caras

 

São as que jamais se rendem,

De traço firme e cor viva,

E são elas que nos prendem

Quando a tela nos cativa

 

Horas, horas e mais horas,

Umas breves, passageiras,

E outras presas às demoras

De durar vidas inteiras…

 

 

Maria João Brito de Sousa

 

 

 

SORRINDO

16.03.11 | Maria João Brito de Sousa

 

Sorrindo, aceito

As soluções do Ego, esse imperfeito

Que aguarda o formular de uma existência

E sei que a espera

Vai desdobrar-se além, noutra quimera

Cumprindo-se, plural, nessa emergência

 

Sorrindo, ascendo

A tudo o que não sei, que nunca entendo

Mas que pode, talvez, saber de mim

Porque a subida

É sempre a minha única saída

E a esperança de alcançar essoutro fim

 

Sorrindo, escrevo

O que inteira me exalta, o que não devo

E tudo o que me nasça deste espanto

Mesmo que o mundo

Me tente amortalhar num charco imundo,

Não deixo de oferecer-lhe este meu canto!

 

Sorrindo, parto

Nesse exacto poente em que me farto

De assumir-me abundante em tais crescentes

Onde percorro

Este viver demais, de que então morro,

Sem mais cuidar de abrir-vos precedentes…

 


 

Maria João Brito de Sousa – 15.03.2011 -21.16h