HOJE NÃO DESÇO À RUA!
Não, hoje não desço à rua
Porque a rua está cansada
De ali estar, sozinha e nua,
Chorando à beira da estrada!
As ruas são como braços
Das cidades que, em crescendo,
Sentem, como nós, cansaços,
Se rendem, como eu me rendo…
As mais das vezes pacatas,
Nunca foram elitistas;
Tanto acolhem alpercatas
Quanto as solas dos turistas
Ora estreitas, sinuosas,
Ora em amplas avenidas,
São sempre tão mais vaidosas
Quanto mais são conhecidas
Outras – quanta timidez… -,
Nem olham pr`a quem lá vem,
Remetem-se à pequenez
De ser “ruas de ninguém”,
Mas se, à noite, adormecidas,
Forem, por nós, acordadas,
Parecem-nos mais compridas,
Longas, lisas como estradas…
Não, hoje não desço à rua
Porque a rua está molhada;
Traz um rio pela cintura
De cada pedra alagada!
Maria João Brito de Sousa – 08.12.2010 – 18.13h
Imagem retirada da internet