TOCAR, SONDAR, PRESSENTIR...
Tocar, sondar, pressentir
Tantas coisas intangíveis,
Como são alguns segredos,
Pode fazer ressurgir
Fantasmas bem mais temíveis
Que os rastos de antigos medos…
No entanto, seduzido,
Já não consegues parar
E a “sondagem” continua
Até que, por fim rendido,
Estarás a imaginar
Que estás a brincar na rua,
Que chegou um estranho vulto,
Que ele entrou na brincadeira,
Que a rua é grande demais…
E depois, como um insulto,
A cena é tão verdadeira
Que corres para os teus pais…
Não lhes falas do que viste
- ou do que julgaste ver… –
Mas tens medo e vais ficando…
Podes dizer que estás triste
Ou cansado de correr,
Mas só estarás constatando:
“- Tocar, sondar, pressentir
Tantas coisas invisíveis
Com a ponta dos meus dedos,
Fez-me, agora, descobrir
Monstros enormes, terríveis,
E eu… protegi-me dos medos!”
Ao menino que brincava perto da janela do quarto,
ao processo natural de aprendizagem, aos traumas infantis, aos mineiros chilenos que ainda estão subterrados e à Vida. A essa extraordinária aventura que é a Vida e da qual tudo isto faz parte.
Para o bem e para o mal.
Maria João Brito de Sousa - 26.08.2010 - 22.31h