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http://asmontanhasqueosratosvaoparindo.blogs.sapo.pt

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EIS AS MONTANHAS QUE OS RATOS VÃO PARINDO

por muito pequenos que pareçam ser... NOTA - ESTE BLOG JAMAIS SERVIRÁ CAFÉS! ACABO DE DESCOBRIR QUE OS DOWNLOADS SE PAGAM CAROS...

EU E O SEM ABRIGO

14.05.10 | Maria João Brito de Sousa

 

Eu vejo,

Eu vejo e não digo,

Não digo nada a ninguém,

Um pobre e velho mendigo

Que não diz nada, também.

 

A cada dia que passa,

Mais pobre fica… envelhece,

No velho fato que esgaça

De um tempo que nunca esquece.

 

Já foi jovem,

Já foi rico – talvez só remediado –

Um dia teve um emprego

E hoje, velho e reformado,

Uma bengala de cego.

 

Nasce algum ressentimento

De lhe ver, em cada dia,

Marcas desse sofrimento

Que a ninguém desejaria.

 

Identifico-me, eu sei…

Mas num tempo em que era” rica”

Também me identifiquei

E, se quem me lê, critica

 

Pois tanto lugar-comum,

Tanto dizer que lamento

Não lhe quebra esse jejum,

Nem o tira do relento…

 

Talvez devesse, talvez…

Talvez devesse calar-me,

Não me impor tantos porquês

Que nunca irão ajudar-me…

 

Mas, se o senti, está sentido 

E em verdade vos digo;

Antes fora empedernida!

Antes tivesse mentido…

Não fosse ele um sem-abrigo,

Tivesse ele opção de vida!

 

 

Maria João Brito de Sousa – 10.05.2010

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

3D

12.05.10 | Maria João Brito de Sousa

 

Momentos são a medida

Do comprimento dos anos

Na situação convertida

À dimensão que habitamos.

 

A largura, essa, depende

Do que o momento nos diz…

Pequena, se estás contente,

Ou imensa, se infeliz…

 

Mas a altura não se mede

Em palmos nem em momentos!

Quão mais alto fores, mais pede

Larguras e comprimentos…

 

Maria João Brito de Sousa

09.05.2010 – 18.53h

 

 

 

PASSATEMPO...

10.05.10 | Maria João Brito de Sousa

 

Passam segundos, minutos,

Passa o Tempo entre canseiras

E se ao passar deixa frutos,

Leva-nos vidas inteiras…

 

Passa por mim, Tempo, passa,

Espalha as sementes dos dias

E deixa-me em troca a graça

De ir espalhando poesias…

 

Passa, Tempo. Eu não me oponho

Ao ritmo que me impuseste;

Por cada instante de sonho

Tornei-me eu menos agreste!

 

Passa sorrindo ou chorando,

Com sol, sem sol… sempre há lua!

Passa por mim que, sonhando,

Te vejo ao fundo da rua,

 

Dessa rua inacabada

Sobre a qual tu, morador,

Constróis, cada madrugada,

Castelos em teu redor…

 

Deixas pedras no caminho

Mas sempre foram as pedras

Que sustentaram os ninhos

Que estão sujeitos a quedas…

 

Passa, Tempo, porque a vida

Também dependi de ti…

Estavas lá – não estou esquecida! –

No momento em que nasci…

 

Passa por mim, Tempo, passa,

Espalha as sementes dos dias

E deixa-me em troca a graça

De ir espalhando poesias…

 

 

 

 

 

 

 Maria João Brito de Sousa - 09.05.2010