O ADIAMENTO DA SAUDADE
Vago olhar ligeiramente alienado,
Os ponteiros do meu relógio
Três minutos e meio adiantado.
Tica-taca, tica-taca,
Implacavelmente decidido
A não parar.
Olho sem ver
Mas vislumbro no vidro
Uma lágrima teimosa
Que deixei escapar…
Vislumbro
Uma saudade adiantada?
Atraso os ponteiros
Decididamente, devagar…
Retardo a hora
Mas não retardo o tempo
Porque era o tempo inteiro
De uma vida
Que afinal quereria retardar…
Sorrio àquela lágrima traída
E fico vagamente distraída
A atrasar, a atrasar, a atrasar…
Atrasando eu vou acreditando
Que o tempo, um destes dias
Vai parar…
Na madrugada do conhecimento -1995