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http://asmontanhasqueosratosvaoparindo.blogs.sapo.pt

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EIS AS MONTANHAS QUE OS RATOS VÃO PARINDO

por muito pequenos que pareçam ser... NOTA - ESTE BLOG JAMAIS SERVIRÁ CAFÉS! ACABO DE DESCOBRIR QUE OS DOWNLOADS SE PAGAM CAROS...

UMA ENXADA PARA M.C.V.

11.04.09 | Maria João Brito de Sousa

Chegado de um planeta

                                            indecifrável

O Mago, o Peregrino

                                            milenar

Trazia a fome de um desejo estranho

Que eu não sei definir nem sei explicar...

 

Fazia o seu Percurso Vertical

Na lentidão convulsa dos sentidos.

 

Poeta, libertário e de passagem,

 

                                             pintava na garagem.

                                             Vivia de subsídios.

 

 

 

Tela de Mario Cezariny de Vasconcelos

 

Imagem retirada da internet

DIÁLOGOS, DIÁLOGOS, DIÁLOGOS...

09.04.09 | Maria João Brito de Sousa

 

 

 

Nestas coisas do poder

Das ilusões que vou tendo,

O que me importa é fazer

Aquilo que eu bem entendo...

 

- Mas por que é que não trabalhas?

E se até vais desistir

Isso só prova que falhas

Nas coisas do teu "sentir"!

 

Não trabalho? Então que é isto

Que vos deixo neste espaço?

Eis a razão porque existo:

Ir fazendo o que aqui faço!

 

- Isto será, com certeza,

Uma forma que encontraste

De viver da incerteza

Desse muito que sonhaste!

 

Seja o que for, sou assim

E é assim que eu sei ser!

Vou escrever até ao fim

Pois é isso que Deus quer!

 

09.04.09 - 13.21h

 

A TECEDEIRA DE BARCAS

06.04.09 | Maria João Brito de Sousa

Remador da eterna Barca,

Que trazes dentro de ti,

Dá-me novas do passado,

De um tempo que já esqueci...

 

Remador da Barca eterna

- líquidas mãos de cristal -

Dá-me novas desta espera,

Diz-me quem sou, afinal...

 

Tu que ao mar foste em pecado,

Na tua Barca encantada,

Do mar vens imaculado

Em corpo de água salgada...

 

Fico sentada na areia,

Olho os seus olhos de sal

E oiço uma voz que se estreia

Na condição de imortal:

 

- Mulher que teces as Barcas

Em que havemos de embarcar,

Venho do além-fronteiras

Depois do fundo do mar

E lá havia outra praia

Onde tu estavas sentada!

As mesmas mãos destroçaram

A minha Barca Encantada...

 

 

2004

 

TOO SOON/TOO LATE...

02.04.09 | Maria João Brito de Sousa

 

Ela não sabia

Nem viria a saber

Por que razão o acaso de viver

Parecia pedir-lhe, a cada segundo,

Que tomasse para si

As culpas este mundo

E o esquecimento

De outra razão de ser.

 

Ela não perdia.

Aceitava e fazia

Tudo o que este mundo lhe dizia

E,  mesmo sabendo, não pedia

O que os outros pediam sem saber.

 

Ela não cantava.

Apenas ouvia

E transformava a dor de cada dia

No tal pão que haveria de comer.

 

Se, ao menos,

Um Poeta-Encantado

Pudesse tocá-la,

Talvez a morte não viesse buscá-la

Tanto tempo antes do tempo

De morrer...

 

O casulo que tecera à sua volta

Era tecido da mesma revolta

Que sempre a impedira de viver...

Dentro do casulo,

Pensando ser ela,

Era apenas a porta ou a janela

Aberta à dor de quem visse sofrer...

 

Foi nessa condição

Que a Morte a encontrou

No mesmo dia em que ela procurou

Abrir janelas, portas ou saídas

Que lhe pudessem mostrar essa vida

Que havia em si e sempre se negou...

 

1994

 

 

Imagem retirada da internet

MULHER PORTUGUESA

01.04.09 | Maria João Brito de Sousa

Se eu for ao mar chorar por ti,

Se eu for ao mar de manto negro,

Talvez o mar perceba o que senti,

Talvez o mar entenda o meu segredo…

Se nesse mar eu me perder um dia,

Se mergulhar nesse seu sal sem fim,

Talvez possa encontrar o que queria,

Talvez descubra o mar dentro de mim…

E nesta condição de ser, no cais,

Mulher e mãe e filha e companheira,

Talvez o próprio mar me queira mais…

Se um dia for ao mar contar quem sou,

Talvez o mar, em mágoa verdadeira,

Chore comigo e abrace a minha dor…

 

 

Imagem retirada da internet