RIMAS MUITO SOLTAS II
Tenho telhados de vidro
Que ninguém pode quebrar...
Quando, à noite, fecho os olhos,
Vejo estrelas a brilhar.
Se não consigo dormir,
Os telhados vão-se embora,
Fico presa numa cela
E a alma sempre lá fora...
La´fora, junto do céu
Que só eu sei alcançar...
Sempre que as grades me prendem,
Fujo para além do ar...
Não aceito, nem consinto,
Que me prendam a rotinas!
Se alguém me vier espreitar
Eu corro logo as cortinas
E deito a alma a voar
Para dentro desse céu
Que criei e que é só meu...
Só ensinei o caminho
A quem disse que me amou,
Mas ninguém, nunca, encontrou
O meu refúgio secreto
E eu choro, muito em segredo,
Pois sei que ninguém gostou
A ponto de conhecer-me
E ninguém, jamais, voou
Pr`ó espaço onde eu sei voar,
Muito, muito além do ar...
Mas, se alguém me acompanhou,
Teve medo e foi-se embora,
Por isso choro a saudade
Da rapidez dessa hora...
1993