QUANTAS VEZES...
Quantas vezes, em passando,
Se dá mais do que o que dá
A gente que vai ficando
À espera do que virá?
Quantas vezes, sendo breve
O caminho percorrido,
Nós passamos, ao de leve,
Sentindo ter-nos cumprido?
Quantas vezes? Tantas vezes
As horas que se passaram
Entre risos e revezes,
Mesmo poucas, perduraram.
Vidas, vidas e mais vidas,
Sendo breves, foram tanto…
Quantas vezes são esquecidas
Entre outras com mais encanto?
Vidas breves, apressadas,
Mas que deixaram no mundo
Os seus rastos que, caladas,
Nos deixaram, num segundo…
A semente da verdade
É, por vezes, pequenina.
Cresce sempre em liberdade,
Espalha-se e faz-se divina…
Assim, sem ter tempo certo,
Mas persistente, empenhada,
Passa tão longe e tão perto,
Deixa tanto, sem ter nada.
Quantas vezes encontramos,
Depois de alguém ter morrido,
Aquilo que, em muitos anos,
Nunca fez qualquer sentido?
Nota - Ainda publicado por mim e acabado de fazer, apesar de eu
estar convencida que não poetaria por uns dias.