II
DE ZERO A ZÊ
Convém, sempre,
Que se saiba escrever de Zero a Zê.
Não escrever, de todo,
É disfuncional
E, depois de Zê,
É só para os metafísicos e economistas.
Há poetas
Que se aventuram
A escrever para além de Zê
(e, pontualmente, antes de Zero).
Não têm vidas fáceis
Embora sejam os melhores.
Poeta que escreva
Antes de Zero e depois de Zê
Arrisca-se a só ter público depois de morto.
(Como os melhores)
Todas as coisas palpáveis
Se escrevem
Entre Zero e Zê
Antes e depois da escala
Ficam apenas os impossíveis,
Os invisíveis e os que estão por vir.
Na escala cabe o conveniente
E umas pitadas de inconveniência
Que são muito úteis a quem se imagina livre
E a quem proclama liberdades imediatas.
A estupidez acaba em Zê
Conforme acab0 de demon(Z)trar.
Maria João Brito de Sousa - Fevereiro, 2009