25.05.23 | Maria João Brito de Sousa |
A PRIMEIRA CAMINHADA DO POETA * I * Percorreu o mundo inteiro quando este mundo era, ainda, uma selva agreste, infinda: Caiu em muito atoleiro, perdeu pé quando o ribeiro que atravessava, na vinda de uma vila amena e linda, num repente traiçoeiro transbordou do seu carreiro... (...)
18.05.23 | Maria João Brito de Sousa |
DANDO UM ROSTO À VOZ QUE TENHO * I * Que coisa fiz, ou não fiz, Que às coisas que tenho feito Juntasse nódoa ou defeito Ou dissesse o que eu não quis? Do que o bom senso me diz, Repito aquilo que aceito: Estar e ser deste meu jeito É que me torna feliz Mesmo ferindo (...)
17.05.23 | Maria João Brito de Sousa |
SOBRAS... * Sobra a cinza do cigarro e alguns nós dados à pressa na corda onde recomeça esta vida a que me agarro: poeta com pés de barro que a toda a hora tropeça, sobre-me, embora, a cabeça, nestes pés sempre me esbarro e, hora após hora, me amarro aos fios que (...)
14.05.23 | Maria João Brito de Sousa |
O POETA EM CONSTRUÇÃO * I * Deixai-o crescer, deixai-o, que um poeta com talento faz, do trabalho, argumento e como qualquer catraio vê crescer, de Maio a Maio, compassos que são sustento do seu corpo em crescimento, tanta vez sem prévio ensaio quando a sorte, de soslaio, (...)
13.05.23 | Maria João Brito de Sousa |
DÉCIMAS TERAPÊUTICAS * Ó bactéria oportunista, chiba, traidora de classe, quem dera que me bastasse este poema, ó fascista, pra domar-te eu, activista da força em que me arrolasse, mas tens-me em tão estranho impasse que, suponho, mal trespasse tua couraça elitista c (...)
11.05.23 | Maria João Brito de Sousa |
QUE PODE O VENTO FAZER? * Que pode o vento fazer Para expressar gratidão Se o seu destino é correr De alta pra baixa pressão? * Às vezes manso, calminho, Sopra em nós uma frescura Que traz alívio ao caminho Quando o calor nos tortura * Outras, porém, de rajada, S (...)
08.05.23 | Maria João Brito de Sousa |
PASSADO/PRESENTE/FUTURO * Se o futuro a Deus pertence, A quem pertence o passado Que é um presente que vence Ao primeiro passo dado * Se ainda que o passo hesite Tentando permanecer, Não há deidade que evite O futuro, o que há-de ser? * Assim sendo, recomendo Que (...)
28.04.23 | Maria João Brito de Sousa |
MAR - Dissecação de um conceito * POR TEIMOSIA OU PAIXÃO * Por teimosia, ou paixão, galguei-te, ó mar que me sondas, à revelia das ondas e contra a voz da razão... Vi espólios de mil naufrágios onde quer que mergulhei e, onde eu mesma naufraguei desprezando os (...)
27.04.23 | Maria João Brito de Sousa |
AOS QUE SE ACENDEM NA LUTA * Aos que se acendem na luta, Aos que se apagam na fome, Aos que vão morrendo em nome De uns reais filhos da puta Que lhes roubam, da labuta, Quanto lucro os engordou, Lá, onde o lucro os cegou E onde a garra do poder Que não pára de crescer Cruament (...)
24.04.23 | Maria João Brito de Sousa |
O TAL VINTE E CINCO * Aos vinte e cinco foi dia Quando era de madrugada E nesse dia a alegria, Toda a alegria que havia, Explodiu quando libertada * Aos vinte e cinco chorou-se Pelo motivo contrário Ao que o estado novo trouxe: Aos vinte e cinco cantou-se, Sonhou-s (...)