14.06.24 | Maria João Brito de Sousa |
* NOVEMBRO DE MÁ MEMÓRIA * Em Novembro, aos vinte e cinco, Deu-se o golpe traiçoeiro Que algemou quem, com afinco, Plantou cravos no canteiro, * Amassou o pão que eu trinco, Libertou um povo inteiro, Deu-me as letras com que eu brinco, Tornou livre o prisioneiro... * Aos vinte e cinco, em Novembro
06.06.24 | Maria João Brito de Sousa |
MARIA SEM CAMISA, 2024 * I * Quando essa Maria viste tão triste quanto alquebrada no fundo não viste nada pois Maria, embora triste, sempre à tristeza resiste: Guarda nela a madrugada que em tempos se fez à estrada da justiça que lhe assiste, que não morreu, que persiste muito embora atraiçoada
19.02.24 | Maria João Brito de Sousa |
MATA-BICHO * Hoje, à hora do costume, Nem mais tarde, nem mais cedo, Fui desvendando o segredo De uma chaleira que, ao lume, Vai exalando o perfume Do café que me concedo... Agora e todos os dias Como se consolo houvesse Pra quem de tanto carece, Encho as minhas mãos vazias De estrofes das poesias
11.01.24 | Maria João Brito de Sousa |
Eu e Guida Ricardo Fotografia de Carlos Ricardo * SOBREVIVENDO ÀS MAZELAS * Pegar na dor, nas mazelas E, uma a uma, transmutá-las Em versos ou aguarelas, Talvez não seja curá-las * Mas será encontrar nelas Lacunas e ultrapassá-las Sem que nos deixem sequelas Ou (...)
27.12.23 | Maria João Brito de Sousa |
MULHER * Mulher mãe, mulher amante, Mulher força de trabalho, Mulher vendida a retalho, Mulher cá, mulher distante, Mulher flor, mulher orvalho, * Mulher a tinta-da-China, Mulher esboçada a carvão, Mulher ventre e mulher mão, Mulher que ousa ou que fascina, Mulher (...)
01.12.23 | Maria João Brito de Sousa |
DAR-TE-IA O MEU, SE PUDESSE... * Dar-te-ia o meu se pudesse Mas o meu, de tão estragado, Não serve nem pra ser dado A quem precisa e merece E se tão bem te conhece Não pode ficar calado A pulsar desgovernado Enquanto o teu desfalece... Dar-te-ia o meu, mas parece N (...)
10.10.23 | Maria João Brito de Sousa |
Gravura de Manuel Ribeiro de Pavia * A CEIA DO POETA II * São cinco e meia da tarde, Mas o Sol arde num grito Sobre um esboço de infinito Que espero que alguém me guarde, Sem choros, nem grande alarde, Sob um bloco de granito… Espero, espero, mas… hesito, Sabendo (...)
09.10.23 | Maria João Brito de Sousa |
Tela de Paula Rego enviada para a minha caixa de corrreio por Pinterest * UM POUCO POR TODA A PARTE * Um pouco por toda a parte Cresce a loucura do mundo E vai a mil por segundo Crescendo em engenho e arte, Embora dela me farte A cada dia que passa A vejo fortalecida E, (...)
07.10.23 | Maria João Brito de Sousa |
MÃE * Minha mãe, por natureza, Nunca sonhou que o meu espanto Me levasse além da reza De quem por mim rezou tanto... * Ternura, encanto, pureza, Ou, vez por outra, quebranto: Toda alegria e tristeza, Toda riso ou toda pranto... * Dádiva foi, com certeza, Que em mim a (...)
06.10.23 | Maria João Brito de Sousa |
COMIGO ME DESAVIM * Comigo me desavim, sou posto em todo perigo; não posso viver comigo nem posso fugir de mim. * Com dor, da gente fugia, antes que esta assi crecesse; agora já fugiria de mim, se de mim pudesse. * Que meo espero ou que fim do vão trabalho que sigo, (...)