SETEMBRO NAÏVE
(Pontos de vista geográficos, etários e... sociais)
Se acaso eu não fosse pobre,
se esta extremada miséria
não passasse de "pilhéria",
boato, ou "fita" que encobre
um mal muito menos nobre,
e não fosse coisa séria,
Lá saudaria Setembro
que é um bem bonito mês,
mas... aqui, onde me vês,
e porque ainda me lembro
do Inverno que passou
e que quase me matou,
já vejo chegar Dezembro
Com seu hálito gelado,
com ventos e chuvas tais
que mais parecem punhais
a agredir o meu telhado
e, (pre)vendo-me transida,
sob o frio muito encolhida,
digo, entre-dentes: - "Malvado!"
Depois, as contas da luz
sobem, sobem... que tristeza,
ver que a "casa portuguesa"
só no escuro se traduz!
Só me resta, então, pensar,
que o calor há-de voltar,
- porque o calor me seduz... -
E, quando chegar a Abril,
então, sim, fico contente
por estar menos dependente
- e talvez menos febril... -,
muito mais aliviada
da "conta" desnaturada
que me fez sentir... senil...
Maria João Brito de Sousa - 01.09.2016 - 16.01h
"Inverno" - Ivan Generalic